As reformas da educação e a legislação de ensino exigem dos profissionais que exercem/exerceram o magistério a busca pela certificação, pelo conhecimento sistematizado. Deste modo, são inseridos em turmas de alunos que não tem experiência, trazendo um perfil diferenciado aos cursos de formação de professores, nos quais surgem questões e preocupações novas e diversas, em especial acerca do estágio.
Nesse sentido, as autoras enfatizam a importância de refletir sobre as singularidades do estágio para compreendê-lo como preparação ao magistério, bem como momento que permite aos sujeitos envolvidos entender assuntos pertinentes a escola, a profissão, a realidade dos alunos e professores de ensino fundamental e médio, possibilitando os estagiários a reafirmação e o crescimento profissional.
Ademais, quanto aos conteúdos teórico-metodológicos, espera-se que sejam alicerce para o estágio, mas é preciso atentar-se que para solucionar os percalços advindos da rotina da sala de aula, da escola não são suficientes. Faz-se necessário a mediação do supervisor/orientador e daqueles que já possuem experiência com a ação docente. Todavia “a discussão dessas experiências, de suas possibilidades, do porque de darem certo ou não, configura o passo adiante à simples experiência” (p. 103).
Outra questão alusiva ao estágio trata-se da impressão de quem não exerce o magistério no primeiro contato com a sala de aula. Muitas vezes a reação é de pânico, vez que nesse momento desvelamos o real e percebemos as contradições entre a teoria e a prática. Vale ressaltar que essa primeira impressão é pertinente a falta de experiência e o currículo dicotômico dos cursos de formação.
Cabe aos estagiários compreender que os desafios e dificuldades da sala de aula estão interligados com a organização da escola e com a cultura organizacional. Assim, torna-se imprescindível conhecer o cotidiano, a rotina da escola para a construção do projeto de intervenção.
As mudanças nas formas organizacionais em prol da qualidade da educação, bem como as modificações resultantes das reformas educacionais deixam os professores inseguros e insatisfeitos, como conseqüência, geralmente, recebem os estagiários “com apelações do tipo: ‘Desista enquanto é novo!’, ‘O que você, tão jovem, está fazendo aqui?’” (p. 104).
Diante disso, o estágio precisa ser (re)estruturado e a universidade e a escola devem firmar parceria mais eficaz, estimulando a colaboração dos sujeitos envolvidos nesse processo. Salientando que essa parceria torna-se difícil pelas instituições possuírem “características, objetivos, estrutura e funcionamento diversos” (p. 107). Dessa maneira, compete ao estagiário entender das culturas específicas, bem como o que tem em comum afim de não gerar acusações mútuas.
No interior da escola, segundo Farias (2002, apud PIMENTA, 2004), são firmados acordos que envolvem regras próprias que regulamentam seu funcionamento burocrático e as concepções, crenças e valores de seus membros, representando e legitimando as vozes dominantes. Dessa maneira, a escola torna-se meio de transmitir a cultura dominante, ao mesmo tempo em que revela possibilidades e limites para o desenvolvimento de conhecimentos imprescindíveis à transformação social.
Entender essas e outras questões presentes na escola faz-se necessário ao estagiário atentar-se às diversas situações, desde a chegada até o momento da saída. Conforme Lima (2002, PIMENTA, 2004, p. 118),
(...) o portão da escola representa para o estagiário uma oportunidade de reflexão. Deixar-se ficar no portão da escola é uma experiência de compreensão do que acontece lá dentro. O panorama que se descortina, visto a partir do espaço escolar, pode trazer à tona alguns aspectos que talvez nunca tenhamos observado antes: a vida da comunidade, a movimentação na frente da escola, costumes, preferências e regionalidade.
Indubitavelmente, o estágio é momento de ensinar/aprender a profissão docente e, portanto de interação, onde os estagiários e orientadores atualizam seus conhecimentos sobre a ação docente, desmitificando a idéia que tem como finalidade única denunciar as falhas e deficiências da escola. Para quem não exerce o magistério, deve se constituir antes de tudo como um estágio de boas-vindas de novos companheiros de profissão.
PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria Socorro Lecuna. Estágio e Docência. São Paulo: Editora Cortez, 2004.
Interessante o comentário de geisa quando diz: que o estágio é momento de ensinar/aprender a profissão docente.Pois, vejo o estágio nessa mesma perspectiva,ou seja, como um momento de muita aprendizagem,um momento imprescindível na nossa vida.
ResponderExcluirSim, o estágio é fundamental, é enriquecedor! Acabei de fazer o meu primeiro estágio..e posso afirmar que foi um excelente aprendizado! Uma experiência marcante em minha vida, que quero levar sempre comigo e poder assim, desempenhar um bom trabalho, contribuindo para uma educação de qualidade!
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