segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O estágio na Educação Infantil

O Estágio na Educação Infantil iniciou, em outubro do ano de 2010, com as observações, que foram essenciais, pois além de uma reflexão acerca da dinâmica de trabalho desenvolvido pelo Centro de Atenção Integral à Criança – CAIC/Creche Alaor Coutinho, proporcionou a elaboração de um projeto de estágio, tendo como objetivo primordial contribuir para a qualidade da Educação Infantil dessa instituição.


Ao contrário do que esperava não me assustei com a realidade da sala, fiquei empolgada para começar logo o período da regência. Ouvíamos muito que era a pior sala para se trabalhar, o que deixou-me preocupada, mas em nenhum momento desmotivada. Acredito que o carinho das crianças com a gente, desconhecidas até então, contribuiu para essa motivação.

O momento da co-participação, acredito que não aconteceu como de fato deveria, foi como uma nova observação, no entanto, intervimos em alguns momentos, como na rodinha e na hora do lanche. Durante essa etapa, também elaboramos o projeto do estágio, sob a orientação da professora Lilian. Cada dupla, no nosso caso, trio, ficou responsável por uma das partes que constitui o projeto, cuja temática sugerida pelas escolas/campo de estágio foi “Cantigas de Roda”, o qual visou a criação de momentos para as crianças interagirem com a leitura e a escrita, com a matemática, bem como com os conteúdos das ciências naturais e do conhecimento social.

Após a conclusão desse projeto, preparamos os planos de aulas, para então iniciar o período da regência. Os planos foram pensados de acordo com conteúdos do Planejamento da Escola, partindo, em sua maioria, de músicas presentes na rotina da Educação Infantil, tais como: O sapo não lava o pé, Borboletinha, O cravo brigou com a rosa, Peixe Vivo, Atirei o pau no gato, Indiozinhos, A canoa virou, Pintinho Amarelinho e Escravos de Jó.

Para atender aos assuntos referentes ao aniversário da Cidade, elaboramos um plano de aula, objetivando a visita e o reconhecimento de pontos específicos de Jequié/BA. Assim, promovemos, com o apoio da direção do CAIC, um passeio em diferentes lugares, como Museu, Biblioteca Central e Catedral de Santo Antônio, visualizando durante o percurso a Praça Ruy Barbosa, Palácio das Artes e a Prefeitura Municipal.


O passeio aludido foi apenas um dos planos executados. Trouxe uma motivação nova, pois estávamos preocupadas com o comportamento das crianças fora da Escola, no entanto, não tivemos nenhum contratempo. A admiração dos locais que nunca tiveram oportunidade de conhecer, as perguntas e o sorriso foram tomando conta das crianças e trazendo para mim uma alegria imensurável.

Vale lembrar que a execução desses planos baseiou-se, em especial, na ludicidade, a qual entra em sala de aula como uma das possibilidades de articulação entre docente, educando e conhecimento. Salientando que em um ambiente escolar lúdico, o professor renuncia o seu papel centralizador paradigmático para se tornar um participante-mediador do processo de construção de conhecimentos.

O início desse período foi marcado por grandes expectativas, anseios, medos de errar, frustrações e desafios, no entanto, no decorrer do processo, a situação foi contornada. Devemos isso, sobretudo ao apoio incondicional da professora orientadora de Estágio, a qual fez-se sempre presente, tirando nossas dúvidas e dando-nos forças para o exercício da docência.

Outro fator que possibilitou essa mudança foi o projeto de intervenção/interação elaborado previamente, onde os resultados esperados foram alcançados com êxito, mostrando a importância do planejamento para orientação do trabalho docente.

Cipriano Luckesi (2001), no trecho abaixo, presente no texto "Subsídios para a organização do trabalho docente", apresenta algumas importantes orientações para uma prática docente de qualidade:

O docente, em sua atividade intencional, deverá organizar o seu trabalho, tendo em vista executar mediações que conduzam à consecução dos objetivos estabelecidos. Se se tem como meta o trabalho pela democratização da sociedade e se se compreende que esta não pode ocorrer sem que os sujeitos possuam sua independência, importa que o educador, como profissional que tem claro que o setor da Educação é uma das mediações sociais que podem servir à luta pela democratização, deverá ter conhecimentos dos fins a serem obtidos, assim como dos princípios e meios científicos e tecnológicos disponíveis para a obtenção do que se traçou como resultado final de seu trabalho.

Vale lembrar que durante a trajetória da regência enfrentamos vários dilemas, a começar com a realidade da Escola, que apresenta-se longe do que seria ideal para favorecer a aprendizagem dos alunos, principalmente pela falta de recursos materiais, bem como a formação inadequada da professora regente, a qual relatou a sua falta de experiência com a Educação Infantil e uma formação em área antagônica a educação.

Vivenciamos também o dilema da indisciplina, pois tivemos dificuldade de manter, algumas vezes, a sala concentrada nas atividades. Acredito que tal comportamento tenha acontecido pelo fato dos alunos estarem acostumados com a rotina da sala, onde a indisciplina era constante e, assim negavam-se a aceitar as novas regras.

Os dilemas existentes na prática do educador são essenciais, pois é através deles que podemos refletir, a fim de renovar as práticas educativas. Assim, foi com os dilemas presentes no período da regência que surgiram alguns questionamentos, acerca de como enfrentá-los. Para tanto, contamos com a ajuda, em especial, de Eliane, assistente da sala, a qual nos ensinou a lidar com os dilemas aludidos, levando em consideração as peculiaridades das crianças.

Nesse sentido, o estágio na educação infantil foi uma experiência rica, que vou lembrar com muita saudade. De cada criança, dos momentos junto com minhas colegas e amigas Érica e Fernanda. Sei que foi um período difícil para Érica, esperando o seu primeiro filho, Davi, para Fernanda também, que saía do estágio direto para o seu trabalho. Mas conseguimos fazer esse trabalho com respeito, competência e acima de tudo responsabilidade, entrelaçando a teoria e a prática no pequeno espaço de tempo, dando sentido ao processo formativo.

Nessa perspectiva, concordamos com as autoras Pimenta e Lima quando afirmam que:

Assim, numa perspectiva de ritual de passagem, esperamos que essa caminhada pelas atividades de estágio se constitua em possibilidade de reafirmação de escolha por essa profissão e de crescimento, a fim de que, ao seu término, os alunos possam dizer “abram alas para a minha bandeira, porque está chegando a minha hora de ser professor (PIMENTA e LIMA, 2004, p.100).

Até o presente momento, muitas foram as contribuições teóricas e as experiências durante o curso, agora chegou a hora de saborear os sabores e desabores do estágio no Ensino Fundamental, que será proporcionado pela disciplina Práticas Pedagógicas do Ensino Fundamental, tendo como orientadora a docente Socorro Cabral. Esse período com certeza será significativo para o meu processo formativo e espero compreender os dilemas da rotina dos professores e alunos do ensino fundamental, aprender com a professora regente e juntamente com a orientadora Socorro Cabral solucionar questões que irão surgir.

Em suma, cada semestre, cada disciplina, cada palestra, cada momento, o estágio foi vivido e o que será vivenciado contribuem de maneira peculiar a desvendar minha trajetória, antes como uma folha em branco e hoje com um universo a preencher. Por tudo isso, sinto-me lisonjeada por minha escolha e pelo futuro de muito orgulho que buscarei.

Um comentário: